segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Essa força 'amor'
E até que depois de profundas olheiras, descansamos (mas nunca em paz).
Aceitamos reflexão de Schopenhauer sobre isso que os homens da representação decidiram chamar de amor. "É ele a meta final de quase todo esforço humano, exercendo influência prejudicial nos mais importantes casos, interrompendo a toda hora as mais sérias ocupações, às vezes pondo em confusão por momentos até mesmo as maiores cabeças, não se intimidando de se intrometer e atrapalhar com suas bagatelas, as negociações dos homens de estado e as investigações dos sábios, conseguindo inserir seus bilhetes de amor e suas madeixas até nas pastas ministeriais e nos manuscritos filosóficos, urdindo diariamentre as piores e mais intricadas disputas, rompendo as relações mais valiosas, desfazendo os laços mais estreitos, as vezes tomando por vítima a vida, ou a saúde, às vezes a riqueza, a posição e a felicidade, sim, fazendo mesmo do outrora honesto um inescrupuloso, do até então leal um traidor, entrando em cena, assim, em toda parte como um demônio hostil, que a tudo se empenha por subverter, confundir e pôr abaixo; - quando consideramos tudo isso, somos levados a exclamar: para que tanto barulho?! Para que o ímpeto, o furor, a angústia e a aflição?! Trata-se simplesmente de cada João encontrar a sua Maria: por que tal ninharia deveria desempenhar um papel tão importante e trazer sem cessar perturbação e confusão para a vida humana bem-regrada? - Mas ao investigador sério o espírito da verdade revela aos poucos a resposta: não é nenhuma ninharia, mas a importância da coisa é perfeitamente adequada à seriedade e ao ardor dos impulsos. O fim último de toda disputa amorosa, seja ela com borzeguim ou coturno, é realmente mais importante que todos os outros fins da vida humana, e, portanto, merece por inteiro a seriedade profunda com a qual cada um o persegue. De fato, o que aí é decidido não é nada menos do que a composição da próxima geração."
(Metafísica do amor, Metafísica da morte, Arthur Schopenhauer)
* figura domínio público Romeu e Julieta
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