
Pelo prazer das cores e sons da sétima arte, pelo consagrado rostinho de Audrey Tautou (O fabuloso destino de Amélie Poulain) e por ser um filme francês (quase sempre muito pronfundos) sou simplesmente levada...
E que delicadas emoções me invadem ao me deparar com "A delicadeza do
amor". O filme foi adaptado do romance do escritor francês David
Foenkinos, que assina também a
direção ao lado de seu irmão Stéphane Foenkinos. Narra a história de
Nathalie
(Audrey Tautou), uma jovem feliz no casamento, até ficar precocemente
viúva. O percusso entre esta perda e o retorno a uma vida nova é o
objeto central da trama.
A entrada na história de Markus (François Damiens, de Como
Arrasar um Coração) dá início a uma jornada
emocional que muito me disse sobre o amor. Markus não é bonito, nem
profissionalmente interessante, veste-se esquisitamente. Mas tem o dom
de caminhar com delicadeza no ferido coração de Nathalie. Com
sensibilidade, cuidado, nada de pressa, pede licença para brincar de
esconde-esconde no jardim onde sua amada sempre brincou... Intui que ali
Nathalie já viveu muitos momentos: felizes, festeiros, de descobertas,
de presentes e de perdas. E assim sutilmente se aproxima de seu coração.
O amor tem disso. E mesmo para os que não acreditam nele se revela:
súbito, forte, pura pulsão sexual (não há como negar), mais próximo da
loucura do que podemos imaginar [mas Nietzsche não tinha dúvidas disso],
mas sobretudo delicado, mui delicado.
Amei as imagens em câmera lenta e tom de magia, pura captação de nossos
mais profundos pensamentos de amor e esperança, que aparecem quando
Markus imagina que o o fim do primeiro encontro é o fim de um
relacionamento que mal começara... Mas nenhuma cena ficou tão marcada
quanto a alegoria do jardim da casa da avó de Nathalie. Lembrei de todos
os jardins que me marcaram: da casa da vovó Zaida na rua Carlos
Vasconcelos, cheio de pés de sapoti, do jardim da casa da outra avó na
Água Fria, do jardim do convento dos Capuchinhos, em Guaramiranga, do de
Mury, com suas mudas de sapoti cheias de frio. Súbito: há muito que não
levava lenço ao cinema. Não vou mais esquecer de levar. Este aqui me
fez chorar de uma emoção imensamente delicada. Super recomendo.


*fotografias: still do filme, Nathalie (A. Tautou); Nathalie e Markus (François Damiens); Nathalie esconde-se atrás árvore jardim da avó.
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