quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Eu já amava podcast antes da modinha! por Letícia Amaral


Quem ama escrever raramente escolhe o suporte. Não importa se é papel, tela de computador, site, blog, livro, texto para vídeo, rádio ou podcast. Os textos simplesmente pulululam na cabeça e daí tem que virar realidade...
Quem ama escrever geralmente começa em diários e cadernos, e não foi diferente comigo... Até papel de pão servia para não deixar a inspiração fugir... Mas ultimamente confesso que me apaixonei pelo formato podcast.
Conhecer podcast eu já conhecia desde 2015, quando um amigo me mostrou algumas músicas dele na plataforma "soundcloud", aí vi que era usada também para podcasts... Mas ficou nisso, não me apaixonei exatamente pelo formato naquela época. 
Até que veio 2019. 
2019!
Um ano meio tenebroso para mim.
Uma consulta médica, uns exames, outros exames mais detalhados, e no dia 26 de fevereiro entrei numa sala de cirurgia para uma operação na região pélvica, com anestesia geral e tudo o mais. Cinco horas de cirurgia. Mais um dia de UTI. Dessas coisinhas na vida que ninguém quer passar. Deu tudo certo, mas depois, vinham alguns bons dias de cama, o tal pós-operatório. Foi nessa época, um período de quase três meses, que descobri algo: quando uma pessoa está muito enferma, pode não ter forças nem para segurar um livro. E isto era novidade para mim. Sim, um simples livro pode pesar pouco, mas ainda é pesado para um abdômen operado. Suspirei profundamente e não segurei o choro. Eu queria ler e não podia. Aqueles que haviam sido meus grandes companheiros da minha infância até ali, os livros, não podiam fazer nada por mim. E as pessoas? E os amigos? As pessoas estão muito ocupadas lutando também pelas vidas delas. Me restava pular da cama para a rede, e da rede para a cama... Até que um post de rede social me levou para um canal especial no mesmo "soundcloud" que eu conhecera anos atrás. Era o canal de um escritor brasileiro que admiro muito, o Diego Engenho Novo. E ele havia gravado justamente as crônicas que eu tanto admirava, entre elas "Casamento, modo de usar" e "Amor antigo". Mal acreditei. Coloquei os fones de ouvido e me entreguei à literatura lida de Diego. Uma a uma, as crônicas dele foram me fazendo rir, gargalhar, chorar de emoção, rir de novo, relaxar, viajar no tempo... Fiquei um dia inteiro ouvindo e ouvindo de novo aqueles podcasts. Meu estado mental mudou. Enxuguei o choro e aproveitei cada linha na voz do próprio autor, com um fundo musical instrumental de muito bom gosto. Dali em diante eu não estava mais só. É impressionante como a voz humana tem o poder de acalmar outros humanos. Deixo aqui o meu muito obrigada ao Diego Engenho Novo, com votos de que ele um dia seja reconhecido no mínimo com um Prêmio Jabuti. Obrigada por ter escrito e obrigada por ter gravado e postado no soundcloud. Me salvou!
Ouvia as crônicas, procurava outros autores, outros podcasts. E é claro, como escritora compulsiva, decidi logo: também quero gravar alguns podcasts. Se eu puder fazer companhia para alguém com histórias bacanas, crônicas e ensaios, farei...
E foi o que fiz. 
Ao recuperar a saúde, tratei de pesquisar como faria para escolher os textos, gravar e fazer o upload dos podcasts
Já gravei sobre filosofia ("Conversa com Benjamin sobre o tédio"),  principalmente filosofia de vida, sobre cinema, sobre cinema e filosofia junto ("Sobre a película Julieta") e até uma meditação guiada ("Para dizer Adeus ao Stress") na plataforma Soundcloud.
Hoje em dia, eu não sei se gosto mais de ouvir podcasts ou de gravá-los.  Tenho feito muito as duas coisas. 
Para a minha surpresa, no final de 2019, a Globonews lançou sua plataforma de podcast. E isso fez de 2019 o ano do boom do podcast no Brasil.  
Foi aí que vi que realmente escolhi a profissão certa. O jornalismo bate em mim como uma onda de energia... Eu simplesmente senti no ar a nova onda do podcast, e comigo foi tudo muito orgânico. Ouvi, amei, pesquisei sobre o assunto e passei a produzir num espaço de menos de um semestre. 
Continuo apaixonada pelas imagens, sempre! Nunca deixarei de ser uma realizadora audiovisual enquanto eu viver. Eu sou completamente conquistada pelo cinema, a sétima arte. 
Mas sempre terá aquele dia em que o assunto vai render mesmo um bom podcast! E assim eu deixo o jornalismo me levar... Uma hora em textos de blog, outro momento num documentário sobre a "conchinchina", na sequencia, num vídeo de 1 ou 2 minutos... E agora em podcasts com trilha sonora e tudo o mais.  Encontro vocês numa dessas plataformas, se Deus quiser, me der saúde e tudo der certo! Obrigada! Abraços!

Me encontre no soundcloud: 
https://soundcloud.com/leticiaamaral




Um comentário:

  1. Oi, Letícia! Essa com certeza foi uma das coisas mais lindas que já li sobre os meus textos. Que bom saber que pude te fazer companhia nessa fase difícil. Só quero te agradecer mesmo. Seguimos juntos, conectados de alguma forma misteriosa. Um abraço e muito sucesso nos seus escritos e podcasts.

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