quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Vamos de bike! Não deixemos que o medo se torne nossa profissão!



     Fazia tempo que eu tinha vontade de ir de casa para o trabalho de bicicleta. O que mais me motivava era o desejo de emagrecer, e, ao mesmo tempo, me livrar um pouco daquela sensação de estar presa num carro. Nunca gostei de dirigir. Dirijo porque é difícil encontrar outras saídas. O transporte público em Fortaleza é muito ruim e moro há 11 quilômetros do meu trabalho. Não é todo dia que uma pessoa está com disposição física para pedalar mais de 10 quilômetros.
Pois bem... Hoje, a vontade de sair pedalando era maior que eu e decidi ir! Vesti calça jeans com tecido elástico, tênis de montanhista (bem reforçado) e blusa de lycra amarela (bem “cheguei”), que era pra sinalizar bem minha presença nas ruas, além de capacete.
     A sensação de liberdade e de conforto com o meu corpo sobre a bicicleta foi incrível. Muito bom! Tomei cuidado por mim e pelos outros. Optei por ruas com ciclovias (nossa! Como ainda são poucas em Fortaleza!) ou ruas de menor movimento . E quando isso não era possível, subi algumas calçadas, bem devagar, sempre dando total prioridade aos pedestres. Em alguns momentos também foi necessário descer da bike e ir empurrando-a. Sem problemas!
Levei uma hora e quinze minutos para ir do bairro onde moro até meu endereço de trabalho, no bairro Benfica. Se fiquei muito cansada? Não mesmo! Em alguns momentos usei o tempo do semáforo vermelho para descansar! E isso foi o suficiente para chegar ao meu destino em paz, inteira e muito muito muito feliz!!!!
     Perceber a cidade com olhos de ciclista é simplesmente mágico e humanizador. Amei perceber que existem muitas casas lindas pelo caminho. Adorei notar que a cidade está cheia de ciclistas como eu: notadamente marinheiros de primeira viagem quando o assunto é ir para o trabalho de bike. Passear um pouquinho de bicicleta e voltar pra casa muitos fazem, eu sempre fiz... Mas usar a bike como transporte efetivamente, tirar um veículo das ruas, isso eu fiz hoje pela primeira vez. E sei que, a partir de hoje, farei isto muitas vezes. Acho que não farei todos os dias porque temo sentir dores nas costas, na minha lombar, que tem um histórico de lesão. Mas, de vez em quando, sim, irei demais!
     Outra pergunta comum: tive medo? Sim, claro, em alguns momentos. Sobretudo na avenida 13 de maio, que não sei por qual razão, ainda não tem ciclovia. Os motoristas de ônibus foram os mais agressivos, sem dúvida. Eles poderiam tranquilamente afastar um pouquinho mais da margem da calçada, mas não o fazem. Eles precisam ser sensibilizados para a importância de uma cidade com mais bicicletas. Os gestores públicos também precisam dessa conscientização, para decidam fazer ciclovias em TODAS AS RUAS E GRANDES AVENIDAS. Parece que eles ainda não entenderam que uma cidade pertence, primeiro, aos seus moradores, a não às máquinas. E os moradores das cidades são mais frágeis o quanto mais tiverem sem máquinas. Ou seja, desenhando: prioridade total para os pedestres, depois para ciclistas e carroceiros, em seguida para motociclistas, e só depois, deveriam vir os carros e companhia (ilimitada). Mas não, nossas cidades brasileiras dão total prioridade aos veículos motorizados. E isso está na cabeça de muita gente de uma forma bem arraigada, infelizmente. Lembro até de uma matéria de TV local na qual a repórter dizia que os motoristas estavam sendo prejudicados pelas novas ciclovias e seus “intrometidos ciclistas”. Pasmem! É nesse país que vivemos!!! Inacreditável. A gente não sabe de chora ou se foge pro além!!!!
     Para mudar tudo isso vai ser preciso muita paciência, diálogo, mais paciência, textões, passeatas e tudo mais que nossa criatividade permitir.
Pois bem, quero viver cada dia da minha vida sem deixar que o medo me paralize, sem deixar que o medo se torne minha profissão.
     E dedico esse texto à minha querida tia Maria da Graça Reis, defensora pública, mãe de quatro filhos, que, com um pouquinho mais de 50 anos (desculpa falar em idade, tia, rsrsrs), vai de bicicleta pra todo canto... E me fez sentir muita vergonha quando passou por mim de bicicleta um dia desses... E eu fiquei ali, dentro daquele carro claustrofóbico, vendo-a deslizar lindamente na minha frente, alegre, feliz e saradíssima Obrigada tia, obrigada por ser um dos meus grandes exemplos de vida. E vamos de bike sim! Cada vez mais! Com muito cuidado amigos, peloamordi!!!!

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