segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Se agoneie não! Para 2016: coragem e alegria!!!
Eu sempre te digo: - ei, quer parar com essa mania de fazer esteira no planeta em plenas 5 horas da manhã? Vai, dorme mais meia horinha... Aí sim, pode levantar e fazer suas dez saudações ao sol. Tome pouco café. Não economize nas frutas. Aprenda a fazer algumas receitas de suco detox. Maçã e limão são sempre boa pedida. Água de côco com limão também, a receitinha da barraca do paulinho de canoa quebrada é a melhor pedida para substituir as bebidas alcoólicas. Mas, por favor, não comece o regime no café da manhã. O café tem que ser de rei. Senão você vai acabar comendo muito no jantar.
Sabe aquele monte de amigos que nem sempre lembram do seu aniversário, que só falam com você pelo facebook ou pelo whats app? Pode passar uma borracha. Radical? Não é não. E eu explico por que. Uma economia seletiva no jardim das amizades pode te oferecer amigos de mais qualidade e você nunca mais será só. A não ser nos momentos que queira. Escolha um punhado de amigos: aqueles que merecem, aqueles com os quais você tem afinidade. E cuide bem deles. Você também será cuidado por eles. E sabe aqueles que só te ligam para fazer perguntas curiosas sobre a sua vida sexual? Delete, delete, delete!! Para os bons amigos faça almoços de sábado ou domingo, presentes feitos à mão, convites para caminhar e sorrir.
No ano novo que chega respeite cada vez mais seu corpo e seu espírito. Dez minutos de meditação todos os dias. Alimentação de 3 em três horas. Equilíbre horas de sono, trabalho e brincadeira. Ninguém está nesse mundo para trabalhar mais de sete horas por dia. Nem para dormir mais de 8 horas por dia. Felicidade são muitas pequenas decisões diárias. Você ama cinema, yoga, música, artes plásticas e gastronomia? Pois prometa que todas estas paixões terão lugar real na sua vida. Na hora de escolher um livro para ler escolha com o coração. Você não tem que ler aquele clássico ou aquele bestseller porque alguém disse que eles são "obrigatórios". Livro bom é aquele que você tem vontade de comer. Então coma livros!!! Não faça regime de leitura. E tente se apaixonar por pelo menos um livro de filosofia. Depois dela, da filosofia, romances e autoajuda terão dificuldades para entrar na sua vida.
Seu trabalho bem que poderia ser aquele que você ama. Isso é um luxo? Sim, é! Mas viemos ao mundo para luxar mesmo. A vida é muito curta para viver com miséria de espírito.
Eu não sei você... Mas eu, em 2016: vou confeccionar presentes caseiros para meus amigos e colaboradores; vou voltar para as aulas de inglês, porque de fluente meu inglês não tem nada; vou jantar apenas sopa ou salada, para chegar aos 60 com barriga de tanquinho; vou fazer minha própria faxina de vez em quando para saber o valor do trabalho de uma diarista; vou amar mais as pessoas que me cercam, dizer a elas o quanto são importantes para mim, portar um borrifador de amor na bolsa; calar quando mais esperarem que eu grite; calar sempre que as frases que estão prestes a sair forem de puro murmúrio. Murmurar deveria ser crime. Já o contrário, as palavras de gratidão, deveriam receber uma espécie de bolsa família.
E por falar em bolsa família, eu desejo que em 2016 mais e mais famílias sejam incluídas neste programa. E em muitos outros de divisão de renda. O Brasil ainda investe pouquíssimo em divisão de renda. Serão necessários muitos e muitos mais anos anos de divisão de renda com os mais pobres para pagarmos as dívidas que temos com negros, índios e seus descendentes. Será que é tão difícil assim para um burguês perceber isso?
Em 2016 vou adubar a terra do meu jardim e replantar as plantas que não resistiram aos últimos 5 anos de seca no Nordeste do Brasil. E já comecei a preparar as mudas. Quero pé de pitanga, sapoti e acerola. Já pensou em tomar suco de pitanga da sua pitangueira? Já pensou em fazer sorvete de sapoti? O último pé de pitanga que eu vi morava na casa da minha avó Zaida. Hoje há um arranha-céu no lugar da casa dos meus avós paternos. O nome do sentimento que sinto em relação à esta situação é melancolia. Cidades crescendo desordenadamente. Mas apesar de toda a melancolia dessa pós-modernidade, no ano que vem eu vou cultivar a alegria e a coragem! Coragem e alegria: é o que eu quero para 2016!!!
Texto para vovó Zaida e Soniargo.
O perdão é uma oração
Diego Engenho Novo
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Texto de Diego Engenho Novo, Blog Palavra Crônica
Querida Lavínia,
Vejo você se abraçando à sua dor, porque sei que deixá-la ir é também deixar ir a memória do que já foi amor. Não há uma forma fácil de fazer isso. Apenas abra os braços. O perdão é uma oração que se repete continuamente. Pode não fazer sentido para a sua cabeça, mas sempre dirá algo para a sua alma.
Há um exercício que fiz durante anos com minha querida Ravena. Todos os dias, nós nos sentávamos frente à frente e nos olhávamos por alguns segundos em silêncio. Então eu começava a oração: “Peço perdão. Pelos maus pensamentos, se não te honrei quando poderia. Peço perdão pelas palavras, pelos gestos, por não ter tido paciência quando deveria. Peço perdão por alimentar a culpa, por acordar o ego, por provocar sua insegurança. Peço perdão por colocar minha posse à frente, por ser egoísta, por elevar sua ansiedade. Peço perdão e te ofereço perdão por hoje, por ontem e por todos os tempos que vieram antes de nós e que virão daqui pra frente”. Ela repetia e nos abraçávamos, pelo tempo que fosse.
Todos os dias. Imagina o que é isso? De alguma forma, esta oração nos salvou. Fez com que tivéssemos uma relação mais verdadeira, mais amorosa e mais doce. Não, não era fácil. Nos dias em que estávamos muito feridos, com raiva, era difícil sentar diante um do outro para exercitar o amor. Mas nós fazíamos, assim mesmo. No começo, meio que à contragosto, mas ao final, já dominados pelo choro.
Hoje faz dois anos que Ravena se foi e eu ainda oro baixinho, ainda peço perdão e a perdoo. Perdoar é reconhecer a sua humanidade refletida no outro. Abra os braços Lavínia, seu coração precisa de luz, de ar, como um casaco antigo de couro. Sabe qual a receita para se preservar o couro, Lavínia? Preserva-se o couro usando-o, muito e sempre. O perdão é uma oração diária, silenciosa e rara. É um presente que só a gente pode se dar.
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