Como é bom não ser mais uma menina. Como é bom contemplar a vida com olhos maduros. Como é bom saber o que é, e, principalmente, o que não é obrigação minha. Como é bom saber dizer não. Como é bom saber dizer não sem ofender. Como é bom ser livre para ser, inclusive, só ou acompanhada. Como é bom amar-me. Como é bom saber do meu valor. Como é bom não importar-me com possíveis rejeições. Como é bom ser tranquila para deixar ir o que não me pertence. Como é bom não confundir saudades com solidão. Como é bom ter a maturidade correspondente à minha idade, porque hoje em dia isso já é muita coisa. Como é bom viver intensamente, pra não se arrepender de não ter vivido o suficiente. Como é bom confiar nos meus instintos e pressentimentos. Como é bom apertar o botãozinho do foda-se. Como é bom poder pensar "que idiota!", sem precisar verbalizar isso. Como é bom conversar com Deus e saber que essa força me basta. Como é bom pegar uma bicicleta, um carro ou um ônibus e ir pra bem longe. Assim como é maravilhosamente bom ficar em casa e cuidar do gato e do jardim. Como é bom poder ir dormir as 7 da noite e acordar as 5 da manhã. Como é bom poder escolher a hora de alimentar-me ou de fazer exercícios. Como é bom abandonar projetos que não fazem mais sentido, afinal, a vida inteira, segurei firme para fazer a coisa certa. Como é bom escolher minha família, minha rede de apoio. Como é bom ser tudo aquilo que eu sempre tive vontade de ser. Como é bom ser jornalista, escritora, blogueira, pintora, ciclista, remadora, videomaker, cozinheira, amiga, filha, nadadora. E como é bom não ser nada do que não gosto: futebolista, jogadora de qualquer espécie de bola ou de cartas, notívaga, babona, superficial. Como é bom viver e aprender a viver todos os dias.