Gosto de guardar neste blog todas as palavras, cartas e textos meus e de alguns preferidos. O texto deste post é a transcrição de um postal enviado para mim, quando eu tinha dois anos e seis meses. A pequena carta me foi enviada pela minha avó Zaida Pamplona Garcia Amaral, meu segundo grande amor materno nesta vida. Ela estava passando uns dias em Brasília, visitando tio Rubenzinho. Eu provavelmente devo ter entendido muito pouco, na época. Mas algum carinho devo ter percebido. Com o passar dos anos, as palavras dela neste singelo postal, me deram muita força, me ajudaram a seguir em momentos difíceis. A luz de minha avó Zaida era forte, cristalina, perfeita. Guardo este postal num porta retrato, mas como muitos anos já se passam, o texto vai, aos poucos, se apagando... Para jamais apaga-lo da minha memória, transcrevo-o agora.
Brasília, 11 de abril (a palavra abril está riscada) de 1979 maio
Querida Letícia,
Beijos!
Há muito tempo que guardo esta figura para lhe mandar. Acho que agora você já pode conhecer a Branca de Neve e os sete anões. Vão brincar com você e fazer você não esquecer a vovó que tem muitas saudades de você. Quando eu chegar aí vou apertá-la muito! Será em julho, nas férias. Creio que a mamãe já se operou do dedo. Beije o dodói da mamãe para ela ficar boa logo. Ela não poderá me escrever tão cedo. Estou rezando para ela ser feliz na operação. Que Jesus esteja ao lado dela ajudando. Eu estou bem. Só as saudades maltratam. Acho que não viajarei mais. Envio estas figurinhas para você e o papai colorirem, para você aprender. Espero que goste. Aqui tudo bem, mas eu não gosto de nada. [seguem duas frases que já estão ilegíveis]. beijos