segunda-feira, 24 de junho de 2013
Dias de centauro
Escorpiana de nascença me descubro centauro. Com fortes pernas e quadris. E toda força que não combina com delicadeza. Mas ainda tão desconfiada como o lacrau cinzento.
Em dias de super lua a vida soa mágica e doce como se aquela imensa esfera fosse uma bacia de gelatina.
Hoje me surpreendo com o medo. O mundo acordou assustador. Lua em capricórnio. Explicado! O dia se arrasta como um velho precavido e rabugento. E pesa sobre minhas costas. Me assusta. Me empurra pra dentro de casa. Fujo desse sol quente e claro que invade minha retina.
A tarde cai. A noite chega trazendo uma brisa que parece anunciar: vem aí todo frescor de aquário. Mais rápido, por favor. Merci.
domingo, 9 de junho de 2013
Sobre a chapa sensível do tempo
"Só o futuro tem reveladores suficientemente fortes para fazer emergir a imagem em todos os seus pormenores" (BENJAMIN, Lisboa: 2008, Assírio & Alvim, Benjamin citando André Monglond)
O tempo: Deus real. Autor, historiador, lupa. Tudo constrói, tudo permite, tudo revela. Chapa sensível da vida: o tempo. Se olharmos a história como um texto veremos que, nos dois, existem marcas, imagens, assim como as imagens que foram fixadas numa chapa sensível à luz.
Portanto não nos apressemos. Nem tampouco: hibernemos. Vivamos o agora. O logo é suficiente.
Hoje abro os olhos e procuro aprender o que a história contemporânea me diz. Ela me mostra que precisamos distribuir cada vez mais: amor, benesses, ganhos. Só com correta divisão desses bens entre todos nascerá um horizonte mais iluminado, em paz. E a violência será mínima.
Por hoje aprecio também as cores impressas na chapa sensível de minha biografia. O que vejo hoje me ocupa o suficiente. Vou brincar com as reflexões que a história me revela hoje. Nelas está o resultado do que experenciei, por vontade própria ou não, além das imagens [imagens dialéticas sempre, por favor] trazidas pelo que li, imaginei, pelas imagens que conheço, algumas paridas sem vontade.
Na fotografia do hoje me esbaldo. Ela me mostra onde me superei, assim como me traz os trechos de onde errei feio. Pena que precisarei da vida inteira para aprender a lição completa. E apenas isto lamento.
Nos pormenores desta imagem que posso admirar hoje vejo os detalhes que correspondem à idade que tenho: 36 anos e sete meses. E isto já é muita coisa, como diria um querido amigo meu.
Alguns traços estão fortemente marcados. De um preto número seis, como o do lápis de desenhista profissional. Me mostram como é tênue a linha entre sensibilidade e razão. E como não é tão distante assim o vale de lágrimas. Tenhamos pois, dentro de nosso apaixonado coração, uma pílula do antibiótico "juízo". Assim, teremos chances de um bom caminho, com bom final.
Fiquemos, pois, peixes. Um ótimo domingo a todos.
foto: foto da foto, by me, em Paris 2012, em Musée d´art et d´histoire du Judaisme, em exposição Walter Benjamin Archives . A foto original: Walter Benjamin entre amigos, incluindo Hannah Arendt)
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