domingo, 1 de julho de 2012

Sobre "Para Roma, com amor", de Woody Allen



Sábado a noite, ingresso na mão para ver a película de 2012 de Woody Allen: Para Roma, com amor. A fila é imensa. Muita gente também querendo conferir. Cinéfilos, curiosos e (ou) fãs de Allen como eu. Penso comigo: por toda a contribuição de Allen para o cinema ele nem precisava mais ter tanta regularidade. A cada ano nos presenteia com um filme. Filma, como se fosse um relógio, pelo menos um longa por ano. E todo ano vou eu ter com seu presente, uns fantásticos, outros nem tanto, mas sempre bons presentes.
Mas vamos ao filme. Como sugere o título, achei que o longa é como se fosse mesmo um presente para Roma, uma declaração de amor à Roma. Cada cantinho estreito, vielas charmosas, cada praça, cada nicho daquela cidade linda brilham na tela. Se não houvesse história nenhuma, para mim, só de ver Roma, já estaria bom. É uma delícia para os olhos.
Neste cenário quatro histórias se cruzam: um jovem casal que se conheceu em Roma e seus pais chamados para abençoar a união; um casal comum que tem a vida repentinamente transformada pela fama; um arquiteto famoso que passeia por Roma e conhece um casal e uma amiga; e mais um casal, recém casado, interiorano.
Trata-se de uma comédia para rir um bom bocado e refletir outro bocado. Dei maravilhosas gargalhadas com o personagem de Allen: um neurótico por trabalho e pai preocupado. E reflito até agora sobre os efeitos da fama imediata proposta no filme quando um homem comum é confundido com uma celebridade. A busca pelo prazer a todo custo, quase escatológico, que aparece na história a partir de um casal do interior que se aventura em  Roma, também é de se fazer pensar.
Sobre o filme já ouvi bobagens como "não se tratar de um dos grandes filmes" de Woody Allen. Mas quem gosta de cinema mesmo, como eu, não elabora uma lista de desejos tão grande quando o assunto é largar-se numa poltrona e ver uma película. Gostei por coisas simples como o perfeito casamento entre música e imagens de Roma, pelas risadas exageradas que a história proporciona - e continuei rindo depois que saí da sala de cinema, pela presença corajosa de Allen no meio da história, pelas pequenas reflexões psicalíticas propostas no meio da trama.
Um filme de Woody Allen, para mim, é sempre um grande programa, principalmente quando lembro que ele ainda está vivo, vibrante, criativo, ativo, é nosso contemporâneo.